Parafraseando palavras minhas, “experimentem juntar duas ou três crianças com uma bola e observem, simplesmente observem. Certamente vão ver como elas nos ensinarão o que devemos fazer, e certamente, encontraremos inúmeras formas de lhe estimular e desenvolver a inteligência do jogo, a concentração, sem nunca retirarmos a vertente lúdica, o gosto e a paixão pelo jogo.” Se o fizerem, as crianças vão-nos ensinar que devemos começar o jogo/treino por operacionalizar os princípios de jogo, ofensivos e defensivos. As crianças, sozinhas, já o fazem, basta “deixá-las ir e segui-las”. Não é fácil, mas é muito mais fácil!
A realidade é que a criança, sem qualquer base teórica nas orientações para a sua aprendizagem, encontra processos para “aprender a jogar”, sem ser preciso que “ninguém a ensine”. Parece um contra-senso mas a criança, ao não ter ninguém a ensiná-la nem sujeita a nenhuma restrição teórica, limita-se a fazer aquilo que mais gosta: jogar. E aprende a jogar jogando. A criança “joga à bola” livre de preocupações, adapta-se ao espaço, ao número de crianças, às condições do terreno e nada é impeditivo de juntas (ou sozinhas) fazerem aquilo que mais gostam – a paixão pela bola, a paixão pelo jogo, o simples “jogar à bola”.
O número de crianças envolvidas pode parecer um problema (que para as crianças nunca se coloca) neste “jogar à bola” das crianças. Mas para mim não é mais do que a solução do problema. Vejamos e observemos como elas se organizam e analisemos o que encontramos de comum nas formas jogadas que as crianças utilizam frequentemente. Se a criança estiver sozinha, além de contornar obstáculos por ela inventados, faz condução de bola, muda de direcção, procurando sempre em cada acção um objectivo. Se não estiver satisfeita procura uma parede e realiza passes, remates ou até mesmo lançar a bola com a mão para depois cabeceá-la. Mesmo sozinha, joga e aprende o jogo (mesmo particularizado e fragmentado através do individualizado). Se estiverem duas crianças, é inevitável: uma vai para a baliza e tenta impedir o golo e a outra remata e tenta obter golo (1x0+GR). Se estiverem 3 crianças, podemos observar (entre outras soluções) um atacante na posse de bola, um defensor que tenta impedir a progressão do atacante e um guarda-redes (1x1+GR). E se estiverem mais crianças, mais soluções existem, sempre com uma finalidade e com um objectivo: o prazer de “jogar”. E reparem que as crianças adoptam para as suas brincadeiras a essência mais verdadeira e realista do jogo: marcar golos e não sofrer golos.
A criança, pelo seu prazer de jogar – paixão do jogo – e sem interferência do adulto, aprende a jogar sozinha. Não condicionem a inteligência da criança… estimulem-na e aproveitem-na!
Por tudo isto o título de hoje: betão a mais e rua a menos! Falta rua para as crianças jogarem à bola, há computadores e televisões a mais, há elevação de betão sem critério. Isso é um problema para o desenvolvimento integral da criança. Mas parece que só mesmo para elas o problema não se coloca: as crianças, com uma bola na mão, fazem de um simples hall de entrada de um prédio uma baliza e do passeio a grande área; fazem dos parques de diversão infantil campos de futebol onde os baloiços são a baliza, a tabela de basquetebol e os carrosséis as referências espaciais e os bancos os adversários; fazem de um portão de uma casa o objectivo do golo e de uma linha tracejada no chão (que pertence ao código da estrada) o limite para atingir o alvo; fazem da piscina, da praia, do parque de estacionamento, do quarto ou de qualquer outro local, o espaço onde querem ser, momentaneamente, heróis com uma bola nos pés. E se não houver nada num determinado espaço, fazem dos sapatos, dos livros ou dos casacos as referências para a baliza, marcam no chão as linhas limites (nem que para isso seja necessário ir à obra de construção mais próxima partir um tijolo para que se veja a linha no chão) e jogam à bola, até à exaustão, com paixão pelo jogo. E da paixão pelo jogo nasce o atleta.
Curiosamente, até as crianças quando jogam entre elas não se preocupam com “brincadeiras fúteis” ou descontextualizadas, preocupam-se sim em jogar, em jogar muito e cada vez melhor, em aperfeiçoar dia a dia o seu jogar entre elas. Não começam “o jogo” correndo entre as árvores, saltando por cima dos bancos de jardim, contornando os carros do passeio ou vendo quem chega primeiro à boca-de-incêndio. Simplesmente chegam ao local do jogo, fazem as equipas, definem as regras e “jogam à bola”. Até as crianças se preocupam “apenas e só” com aquilo que querem.
A realidade é que a criança, sem qualquer base teórica nas orientações para a sua aprendizagem, encontra processos para “aprender a jogar”, sem ser preciso que “ninguém a ensine”. Parece um contra-senso mas a criança, ao não ter ninguém a ensiná-la nem sujeita a nenhuma restrição teórica, limita-se a fazer aquilo que mais gosta: jogar. E aprende a jogar jogando. A criança “joga à bola” livre de preocupações, adapta-se ao espaço, ao número de crianças, às condições do terreno e nada é impeditivo de juntas (ou sozinhas) fazerem aquilo que mais gostam – a paixão pela bola, a paixão pelo jogo, o simples “jogar à bola”.
O número de crianças envolvidas pode parecer um problema (que para as crianças nunca se coloca) neste “jogar à bola” das crianças. Mas para mim não é mais do que a solução do problema. Vejamos e observemos como elas se organizam e analisemos o que encontramos de comum nas formas jogadas que as crianças utilizam frequentemente. Se a criança estiver sozinha, além de contornar obstáculos por ela inventados, faz condução de bola, muda de direcção, procurando sempre em cada acção um objectivo. Se não estiver satisfeita procura uma parede e realiza passes, remates ou até mesmo lançar a bola com a mão para depois cabeceá-la. Mesmo sozinha, joga e aprende o jogo (mesmo particularizado e fragmentado através do individualizado). Se estiverem duas crianças, é inevitável: uma vai para a baliza e tenta impedir o golo e a outra remata e tenta obter golo (1x0+GR). Se estiverem 3 crianças, podemos observar (entre outras soluções) um atacante na posse de bola, um defensor que tenta impedir a progressão do atacante e um guarda-redes (1x1+GR). E se estiverem mais crianças, mais soluções existem, sempre com uma finalidade e com um objectivo: o prazer de “jogar”. E reparem que as crianças adoptam para as suas brincadeiras a essência mais verdadeira e realista do jogo: marcar golos e não sofrer golos.
A criança, pelo seu prazer de jogar – paixão do jogo – e sem interferência do adulto, aprende a jogar sozinha. Não condicionem a inteligência da criança… estimulem-na e aproveitem-na!
Por tudo isto o título de hoje: betão a mais e rua a menos! Falta rua para as crianças jogarem à bola, há computadores e televisões a mais, há elevação de betão sem critério. Isso é um problema para o desenvolvimento integral da criança. Mas parece que só mesmo para elas o problema não se coloca: as crianças, com uma bola na mão, fazem de um simples hall de entrada de um prédio uma baliza e do passeio a grande área; fazem dos parques de diversão infantil campos de futebol onde os baloiços são a baliza, a tabela de basquetebol e os carrosséis as referências espaciais e os bancos os adversários; fazem de um portão de uma casa o objectivo do golo e de uma linha tracejada no chão (que pertence ao código da estrada) o limite para atingir o alvo; fazem da piscina, da praia, do parque de estacionamento, do quarto ou de qualquer outro local, o espaço onde querem ser, momentaneamente, heróis com uma bola nos pés. E se não houver nada num determinado espaço, fazem dos sapatos, dos livros ou dos casacos as referências para a baliza, marcam no chão as linhas limites (nem que para isso seja necessário ir à obra de construção mais próxima partir um tijolo para que se veja a linha no chão) e jogam à bola, até à exaustão, com paixão pelo jogo. E da paixão pelo jogo nasce o atleta.
Curiosamente, até as crianças quando jogam entre elas não se preocupam com “brincadeiras fúteis” ou descontextualizadas, preocupam-se sim em jogar, em jogar muito e cada vez melhor, em aperfeiçoar dia a dia o seu jogar entre elas. Não começam “o jogo” correndo entre as árvores, saltando por cima dos bancos de jardim, contornando os carros do passeio ou vendo quem chega primeiro à boca-de-incêndio. Simplesmente chegam ao local do jogo, fazem as equipas, definem as regras e “jogam à bola”. Até as crianças se preocupam “apenas e só” com aquilo que querem.
2 comentários:
Sem duvida!
Excelente texto!
Gostei! =)
Abraço
João Lino ( Juv. Ouriense )
Exacto.
Quando conto à minha filha que jogava à bola na rua com os meus amigos, ela olha para mim com aquele olhar "grande tanga me estás a contar...ninguem joga à bola no meio da rua".
Só de me lembrar do 1 - 2 infalivel que fazia com o meu companheiro de equipa "passeio"...
Os dribles infindáveis até ultrapassar um sem fim de adversários da equipa contraria, que todos destinguiamos sem o menor problema, não havendo qualquer problema com as cores da camisola...
Sem dúvida a melhor academia de todas...
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